segunda-feira, 7 de julho de 2008

Dicas para encontrar um amor

Dicas para encontrar um amor
Martha Medeiros - Publicado no Jornal O Globo de 15 de junho de 2008

“A gente nunca sabe quando vai ser nosso dia de sorte, mas pode ter certeza de que ele não será anunciado com antecedência. Por isso, é bom estar sempre arrumadinha, mesmo para descer até a garagem buscar o celular”.

Algumas revistas, de vez em quando, resolvem dar uma facilitada para seus leitores e publicam matérias revelando qual é o melhor lugar para paquerar, assim como o melhor horário e os melhores alvos. “Onde, quando e quem”, tudo de mão beijada para quem está à procura de um amor.
Não custa fazer o teste. Vá até o bar sugerido, na hora em que estiver mais lotado, e selecione seu objetivo conforme orientação da revista: alguém com determinada idade, modo de vestir, jeito de segurar o copo, tudo como foi indicado. Encontrou? Agora espere o garçom acordá-la e avisar que o bar está fechando, baby. Você pegou no sono e não aconteceu na-da. Não estou fazendo pouco da sua solidão, mas a maldita experiência ensina: quando a ansiedade é grande, as chances são mínimas.
Portanto, dê um tempo para as dicas dos outros e arrisque seguir as minhas. Pois é, eu também sei palpitar sobre o “onde, quando e quem”. Principalmente quando estou sem assunto.
Onde menos se espera. É este o lugar. Não é preciso fornecer endereço, bairro, CEP, até porque você não tem que ir a lugar algum. Onde menos se espera pode ser exatamente aí onde você está. Na fila do banco, numa farmácia, dentro da igreja, na ante-sala de um consultório, numa reunião de condomínio, na beira da praia, numa clínica veterinária, até mesmo dentro da sua própria casa. Juro, o amor pode bater à sua porta, sim, conheço casos. Por exemplo, você está esperando um eletricista e , de repente, o eletricista vem acompanhado do arquiteto responsável pela obra. Blim-blom, e seu destino está traçado. O que nos leva ao parágrafo seguinte.
Quando menos se espera. É este o melhor horário. Mas há riscos. Digamos que o arquiteto bateu à porta quando você havia se programado párea passar o dia trabalhando em casa, e, portanto, estava parecendo um molambo. Sabe o que é um molambo? Um pedaço de pano velho. Você escolheu para vestir a coisa mais medonha e surrada que encontrou no armário e deixou para lavar o cabelo só no dia seguinte, quando pretendia ir a um bar procurar um amor e aquela coisa toda. Agente nunca sabe quando vai ser nosso dia de sorte, mas pode ter certeza de que ele não será anunciado com antecedência. Por isso, é bom estar sempre arrumadinha, mesmo para descer até a garagem buscar o celular que você esqueceu dentro do carro. Sabe como é, entre o seu apartamento e a garagem existe algo chamado elevador. Humm.
Por fim, quem! Quem menos se espera. Você fica de olho no dono da festa, mas é o pai dele – mais charmoso que o filho aliás- que vem perguntar se você usa MSN. Você encasqueta de querer ser mulher de jogador de futebol e cai um professor de literatura na sua rede. Você cumprimenta, toda alegrinha, o sujeito que cruza diariamente que você nono calçadão durante suas caminhadas matinais, mas é o cara barrigudinho que joga vôlei ali perto que costuma avaliá-la com olhos mais atentos. Pode não ser animador,mas assim é a vida: você mira no plano A, mas é sempre o plano B que vinga.
Conclusão? Deixe de ser óbvia e tire os olhos do arquiteto. O eletricista é que é um homão, trabalha no que gosta, lê nas horas de folga, está solteiro e com a agenda lotada – ou você ainda não confia na ascensão dos prestadores de serviço? O arquiteto está matando cachorro a grito e ainda vai te pedir um troco pro ônibus.
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Apenas para não deixar um dia sem post.
Texto da Martha sempre faz bem.
BeijO*
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Um comentário:

Anônimo disse...

Tem toda razão, textos da Martha Medeiros sempre faz bem. E esse é de uma delicadeza toda especial. Encontrar o amor não é fácil, mas seria muito mais simples se fugissemos das regras de como encontrá-lo. Beijos e um prazer conhecer seu blog.