sexta-feira, 20 de junho de 2008

Também quero.

Não é inveja.
É apenas um querer também.
Ver casais felizes tem me causado uma sensação ruim, que eu não gosto, e não quero sentir. Logo eu que sou tão romântica e que acredito, embora nem sempre pareça, no Amor. Sim, é Amor com A maiúsculo mesmo, nesse eu acredito, não no amor.
Voltando ao assunto, tenho a impressão de que fico um tanto invejosa, desejando que aquele carinho, aquele afeto, aquela atenção, que todo aquele romance fosse destinado à mim. [tem crase?]
Carência? Talvez.
Eu quero, quero ouvir as coisas que ouço por aí nas conversas desses casais, quero ler recados como os que eles escrevem pra elas, quero receber ligações na mesma proporção que eles ligam pra elas.

Que droga, sou muito azarada mesmo.
O Amor chega pra todos, menos pra mim.

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Desde sempre
(Vinicius de Moraes)

Na minha frente, no cinema escuro e silencioso
Eu vejo as imagens musicalmente rítmicas
Narrando a beleza suave de um drama de amor.
Atrás de mim, no cinema escuro e silencioso
Ouço vozes surdas, viciadas
Vivendo a miséria de uma comédia de carne.
Cada beijo longo e casto do drama
Corresponde a cada beijo ruidoso e sensual da comédia
Minha alma recolhe a carícia de um
E a minha carne a brutalidade do outro.
Eu me angustio.
Desespera-me não me perder da comédia ridícula e falsa
Para me integrar definitivamente no drama.
Sinto a minha carne curiosa prendendo-me às palavras implorantes
Que ambos se trocam na agitação do sexo
Tento fugir para a imagem pura e melodiosa
Mas ouço terrivelmente tudo
Sem poder tapar os ouvidos.
Num impulso fujo, vou para longe do casal impudico
Para somente poder ver a imagem.
Mas é tarde. Olho o drama sem mais penetrar-lhe a beleza
Minha imaginação cria o fim da comédia que é sempre o mesmo fim
E me penetra a alma uma tristeza infinita
Como se para mim tudo tivesse morrido.

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